01. Saudosa Maloca
02. Tiro Ao Álvaro
03. O Samba Do Arnesto
04. No Morro Da Casa Verde
05. Samba Italiano
06. Conselho De Mulher
07. Aguenta A Mão João
08. Acende O Candeeiro
09. Prova De Carinho
10. Tocar Na Banda
11. Trem Das Onze
12. Viaduto Santa Efigênia
13. As Mariposas
14. Mulher, Patrão E Cachaça
15. Abrigo De Vagabundo
16. Já Fui Uma Brasa
17. Torresmo À Milanesa
18. Fica Mais Um Pouco Amor
19. Apaga O Fogo Mané
20. Despejo Na Favela.
Adoniran Barbosa
João Rubinato 6/8/1910 Valinhos, SP23/11/1982 São Paulo, SP
Dados Artísticos
Entrou para a história da Música Popular Brasileira como um dos
maiores nomes da cultura e da produção artística de São Paulo, um
originalíssimo cronista musical da vida de sua cidade. Suas primeiras
composições foram "Minha vida se consome", com Pedrinho Romano e
Verídico, e "Socorro", com Pedrinho Romano. Tentava a sorte em programas
de calouros da Rádio Cruzeiro do Sul de São Paulo. Em 1933, foi
aprovado num desses concursos, interpretando o samba "Filosofia", de
Noel Rosa. Iniciou carreira artística a convite do cantor Paraguaçu, que
o levou a se apresentar num programa semanal (de 15 minutos de
duração), onde era acompanhado por conjunto regional. Em 1935, teve sua
primeira composição gravada, a marcha "Dona boa", registrada por Raul
Torres na Columbia, composição na qual colocou versos em música de J.
Aimberê. Essa marcha recebeu o prêmio de primeira colocada em concurso
de músicas carnavalescas promovido pela Prefeitura de São Paulo. Ainda
nesse mesmo ano, adotou o pseudônimo com o qual se tornaria
posteriormente conhecido pelo grande público.
Entre os anos de 1935 e
1940, atuou na Rádio Cruzeiro do Sul como cantor e animador de programas
de discos. Em 1941, levado por Otávio Gabus Mendes, transferiu-se para
a Rádio Record, onde fez radioteatro numa série chamada "Serões
Domingueiros". Por essa época, trabalhava na emissora Osvaldo Moles,
responsável pela criação de diversos personagens com linguajar
tipicamente popular, tipos que iriam influenciar profundamente sua obra
produzida nos anos subseqüentes. Em 1943, foi formado o conjunto
Demônios da Garoa e passou a atuar com o grupo. Passaram a animar a
torcida nos jogos de futebol promovidos por artistas de rádio no
interior paulista. Em 1945, participou do filme "Pif-paf", e em 1946, do
filme "Caídos do céu", ambos dirigidos por Ademar Gonzaga.
Em 1951, gravou seu primeiro disco, na Continental, com a marcha-rancho
"Os mimosos "colibri", de Hervê Cordovil e Osvaldo Moles, e o samba
"Saudade da maloca", de sua autoria. Nesse ano, seu samba "Malvina" foi
premiado em concurso carnavalesco em São Paulo e gravado pelos Demônios
da Garoa e lançado pelo selo Elite Special para o carnaval do ano
seguinte. Em 1952, gravou o "Samba do Arnesto", de sua autoria e Alocin,
e o samba "Conselho de mulher", de sua autoria, José B. Santos e
Osvaldo Moles. Nesse ano, fez com Osvaldo França, o samba "Joga a
chave", premiado em concurso carnavalesco da cidade de São Paulo e
gravado pelos Demônios da Garoa. Em 1953, atuou no filme "O cangaceiro",
de Lima Barreto. Em 1955, os Demônios da Garoa gravaram "Saudosa
maloca" e "Samba do Arnesto", este, parceria com Alocin, músicas onde
firmou seu estilo peculiar de composição, retratando o universo das
camadas populares de São Paulo, com linguajar caipira e paulistano
italianado. São essas as características básicas do estilo que o tornou o
compositor mais popular da cidade de São Paulo. "Saudosa maloca" foi
logo depois registrada pela cantora Marlene e é considerado um dos seus
maiores sucessos, a ponto de ser incluído na coletânea "As 14 músicas do
século XX", produzido por Ricardo Cravo Albin no ano 2.000 para a
E.M.I/Odeon. Ainda nesse ano, os sambas "Conselho de mulher" e "As
mariposas" foram gravados com grande sucesso pelo grupo Demônios da
Garoa.Em 1956, teve o samba "Iracema", outro de seus grandes sucessos,
gravado pelos Demônios da Garoa na Odeon. O mesmo grupo gravou também no
mesmo período os sambas "Um samba no Bixiga", "Quem bate sou eu", com
Artur Bernardo, e "Apaga o fogo mané". No mesmo ano, o grupo Os
Modernistas gravou seu samba "O legume que ele quer", parceria com
Manezinho Araújo. Em 1957, lançou "Bom-dia tristeza", uma única parceria
com o poeta Vinicius de Moraes, cujo esboço original de Vinicius lhe
foi entregue inicialmente pela cantora Aracy de Almeida, que logo depois
a gravaria. Em 1958, seus sambas "Pafunça", com Osvaldo Moles, e
"Abrigo de vagabundos" foram gravados pelos Demônios da Garoa. Nesse
ano, gravou os sambas "Pafunça", com Osvaldo Moles, e "Nois não usa os
bleque tais", com Tião. Gravou também o samba "Pra que chorar", de
Peteleco. No lado A desse disco Paulo Augusto gravou sua marcha "Dotô
Vardemá (Conheço muito)", parceria com Geraldo Blota e Raguinho. Em
1959, mais um samba gravado pelos Demônios da Garoa: "No morro da Casa
Verde".
Em 1960, fez em parceria com Osvaldo Moles, o samba "Tiro ao Álvaro"
gravado posteriormente por ele e Elis Regina. Por essa época, Osvaldo
Moles escreveu especialmente para ele o programa "História das malocas",
inspirado no samba "Saudosa maloca", programa no qual interpretou com
sucesso o personagem "Charutinho", criado por Moles. A "História das
malocas", foi apresentada até 1965 na Rádio Record, chegando a ser
levada para a televisão. Em 1965, os Demônios da Garoa lançaram aquele
que seria seu maior sucesso, o samba "Trem das onze", composição que
recebeu prêmio no concurso de músicas de carnaval no quarto centenário
da fundação do Rio de Janeiro. A música marcaria definitivamente a
carreira do compositor, tornando-se um verdadeiro hino da cidade de São
Paulo, com repercussão em todo o país. Participou de novelas e programas
humorísticos da TV Record de São Paulo, como "Papai sabe nada" e "Ceará
contra 007". Em 1968, participou da I Bienal do Samba com "Mulher,
patrão e cachaça", com Osvaldo Moles. Atuou como radioator e também em
telenovelas especialmente na Rádio e Tv Record.
Em 1973, atuou na primeira versão da novela "Mulheres de areia", de
Ivani Ribeiro na TV Tupi. Em 1974, lançou seu primeiro LP individual,
registrando antigas e novas composições como "Abrigo de vagabundos", "As
mariposas", "Apaga o fogo Mané", "Trem das onze", "Saudosa maloca" e
"Iracema". No ano seguinte, lançou o LP "Adoniran Barbosa" interpretando
entre os sambas "No morro da casa verde", "Vide verso meu endereço",
"Tocar na banda", "Malvina", "Não quero entrar", "Samba italiano",
"Triste margarida (Samba do metrô)", "Mulher, patrão e cachaça",
"Pafunça", "Samba do Arnesto", "Conselho de mulher" e "Joga a chave".
Nos últimos anos de sua vida, suas apresentações tornaram-se
esporádicas, sempre restritas à região metropolitana de São Paulo, com
acompanhamento do Grupo Talismã. Em 1977, apresentou-se no Teatro 13 de
Maio, no Bairro paulista do Bixiga juntamante com os sambistas cariocas
Cartola, Nelson Cavaquinho, Zé Kéti, Mário Lago e Carlos Cachaça.
Em 1980, a EMI-Odeon lançou o LP "Adoniram Barbosa" em comemoração aos
70 anos de vida do compositor. Para a ocasião, foram convidados inúmeros
intérpretes, entre os quais, Elis Regina, Clara Nunes, Clementina de
Jesus, Djavan, Carlinhos Vergueiro, entre outros, contando com a direção
de Fernando Faro. Nesse disco, Elis Regina cantou "Tiro ao Álvaro", com
Osvaldo Molles; Roberto Ribeiro "Bom dia tristeza", com Vinícius de
Moraes; Djavan, "Agenta a mão, João", com Hervé Cordovil; o grupo MPB 4,
"Vila Esperança", com Marcos César; Clementina de Jesus e Carlinhos
Vergueiro, "Torresmo à milanesa", com Carlinhos Vergueiro, e
Gonzaguinha, "Despejo na favela". Nessa época, dividiu com Radamés
Gnatalli a trilha sonora do filme "Eles não usam black-tie". Em 1984,
foi lançado pelo selo Eldorado o LP "Documento inédito" onde aparecem
raridades como o prefixo do programa "Fino da bossa", com ele e Elis
Regina, além de falas suas entrecortadas por músicas como "Só tenho a
ti", parceria com a poetisa Hilda Hilst, "Fala Mathilde", "Rua dos
Guimarães" e outras.
Em 1996, foi lançado pela Editora Globo um CD e o fascículo "Adoniram
Barbosa", dentro da "Coleção MPB - Compositores". No ano 2000, o
violeiro Passoca lançou CD com composições inéditas do autor de "Trem
das Onze" nas comemorações dos 90 anos de nascimento do sambista. Suas
composições inéditas foram guardadas por Juvenal Fernandes, escritor
amigo do sambista, que trabalhou em editoras de música e tem um baú com
90 letras do compositor. Em 2001, a gravadora Kuarup lançou o CD
"Adoniran ao vivo", último show do compositor gravado no extinto Ópera
Cabaré, de São Paulo, em 1979. Foi homenageado pelo cantor baiano e do
movimento tropicalista Tom Zé no disco "Estudando o samba" na música
"Augusta, Angélica e Consolação". Em 2002, foi lançado o livro
"Adoniran, dá licença de contar...", pela editora 34 com um rico
material iconográfico, autoria de Ayrton Mugnaini Jr. No mesmo ano,
foram lançados mais dois livros sobre a vida e a obra do compositor
"Adoniran Barbosa - O poeta da cidade", de Francisco Rocha, e "Adoniran -
Se o senhor num tá lembrado", de Flávio Moura e André Nigri. Em 2007,
foi lançado em DVD sua participação no programa "Ensaio" apresentado por
Fernando Faro pela TV Educativa em programa gravado em 1972, no qual o
sambista paulista interpretou clássicos de sua autoria como "Saudosa
maloca", "Samba do Arnesto", "As mariposas", "Um samba do Bixiga", "Trem
das onze" e "Prova de carinho", além de outras menos conhecidas como
"Joga a chave", "Por onde andará Maria" e "Dondoca". Em 2009, foi
lançado um livro-agenda como parte das comemorações do centenário de
nascimento do compositor em 2010. Segundo Fred Rossi idealizador da
série "Anotações com arte", "O formato livro-agenda permite um olhar
leve, que combina com Adoniran". No livro são destacadas curiosidades
como o parecer da censura sobre a música "Tiro ao Álvaro", a foto da
aliança que ele deu a Mathilde de Lutiis, sua mulher durante 40 anos,
além de trechos de entrevistas do autor de "Trem das onze", como uma na
qual ele afirma que "O Vanzolini é um erudito, eu sou pitoresco",
fazendo uma comparação entre o compositor Paulo Vanzolini e ele. Em
2010, no dia em que completaria cem anos de nascimento foi reverenciado
por diversas reportagens que rememoraram sua carreira e os maiores
sucessos. Também por ocasião das comemorações por seu centenário de
nascimento foi lançado pela gravadora Lua Music o CD "Adoniran 100 anos"
produzido por Thiago Marques Luiz, com direção musical de Rovilson
Pascoal e André Bedurê. O CD contou com a participação de 37 artistas
interpretando 33 composições de João Rubinato, o verdadeiro nome do
compositor. Entre outros fizeram parte da gravação Arnaldo Antunes,
Markinhos Moura, Zélia Duncan, Maria Alcina, Cauby Peixoto, Vânia
Bastos, Edgard Scandurra, Quinteto Em Preto e Branco, Verônica Ferriani,
Diogo Poças, Graça Braga, Passoca e o grupo Demônios da Garoa. O CD foi
lançado em uma série de oito shows gratuitos no Centro Cultural São
Paulo reunindo vinte dos artistas que participaram do projeto. Ainda em
2010, foi homenageado com o livro "Trem das onze" sobre sua obra poética
inspirada nos tipos de São Paulo e no linguajar típico dos habitantes
mais pobres da grande metrópole. O livro foi ilustrado com fotos de
época de fotógrafos como Hildegard Rosenthal, Alice Brill e Gautherot.
FONTE DA PESQUISA:http://www.dicionariompb.com.br/adoniran-barbosa/dados-artisticos
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